22 janeiro, 2015

Lar Luisa Canavarro






Hoje foi um dia diferente.
Em vez de estar sentada numa secretária, fiz uma visita onde grandes corações trabalham. Hoje sai de casa com 2 sacos de fraldas na mão.
Num país atingido pela crise, em que lido diariamente com pessoas que pretendem um trabalho para assegurar a sua própria subsistência, as vezes a realidade e o passado destas mesmas pessoas, antes de entrar pela porta a procura de oportunidades, passa-nos despercebido. E foi um pouco o que eu verifiquei hoje. A realidade diante dos meus olhos.
No Lar Luísa Canavarro, uma pequena "empresa" sem fins lucrativos, luta, diariamente, para manter a instituição minimamente sustentável. Abrigam mães jovens, que aparentam ter idade para serem minhas irmãs mais novas. "Crianças" com filhos, foi o que pensei.
A recepção foi calorosa, como que um suspiro de alivio por parte das responsáveis, por sentirem que ainda se encontram no mapa, que ainda existem pessoas que pensam para além do seu próprio ser. Um gesto tão pequeno, para nós,  como entregar uns sacos com fraldas, para essas instituições é um ponto de viragem nos dias longos que se avizinham. 
Ofereceram se para nos mostrar as instalações do lar. Senti um nervosismo por parte das Irmãs. Afinal, tudo o que ali estava era fruto de anos de luta. 
O lar foi reconstruído com a ajuda de várias pessoas que se disponibilizaram para pintar as paredes, com instituições que se ofereceram para trazer mais segurança ao local, doando extintores e alarmes de incêndio, por exemplo.  
Custou-me olhar nos olhos daquelas jovens mães. Custou me pensar que, numa outra vida, poderia estar eu ali. Coloquei me, por momentos, naquele lugar e senti um aperto no coração.
As mães passam por um processo de aprendizagem. Começam por aprender a cozinhar, a "autonomizarem-se", como lá lhe chamam. São postas à prova, porque, como elas próprias sabem, a vida não é cor-de-rosa. Depois são incentivadas a estudar e a instruírem-se. Após esse processo, são convidadas a embarcar no mundo do trabalho, e, se tudo correr como esperado, têm a capacidade, sozinhas, de viver a sua própria vida, fora daquele lar, dando lugar a outras mães que também necessitam de um abrigo. Quando alguém sai do lar pronta e autónoma, então a missão da Instituição foi totalmente cumprida. No entanto, a missão do lar passa tambem por ajudar crianças abandonas e órfãos, assim como mães que, apesar de terem o seu proprio lar, passam igualmente por dificuldades.   Na verdade, o local dispõe de uma óptima luz solar, um jardim, com escorregas e baloiços, dignos de proporcionar momentos de felicidade aquelas crianças. Uma enfermaria, psicologos e assistentes sociais vinte e quatro horas disponíveis para ajudar. Quartos coloridos, peluches, aquecimento e paredes laranjas, amarelas, rosas, azuis...! Um verdadeiro arco-íris lá dentro. Mas não é isso que torna o lar especial. É a boa vontade das pessoas, que, muito felizmente, ainda existe, neste mundo engolido pelo egoísmo. De facto, posso afirmar que o lar é um local acolhedor, quente, amigavel e confortavel, e assim o seria, mesmo que tivesse as paredes brancas.

28 dezembro, 2014

The snake that eats its own tail.

Porque se algum dia pudermos viajar ao passado para corrigir os nossos erros... apenas estaremos a cometer mais.

04 dezembro, 2014

Que é de quem eu deveria ter sido?

Nem acredito que comecei este blog há um ano atrás... E nunca mais cá vim. Se ainda tiver leitores do outro lado do ecra devo um enorme pedido de desculpas. Sou mesmo assim. Nunca termino aquilo que começo.
Na verdade, aquilo que realmente me inspirou a escrever novamente foi este post. O balanço do ano 2013. So acho triste vir cá um ano depois.
Mas aqui vai...
2014 foi o ano que fui a Londres visitar um amigo. Foi o ano que me licenciei e que tive o meu primeiro Baile de Finalistas. Foi o ano que festejei a queima das fitas com a cartola na cabeça e a bengala na mão.
Em 2014 baptizei duas afilhadas. Mas tambem foi o ano que me desfiz da praxe. Foi o primeiro ano que nao compareci à Semana Academica do Porto.
Este ano tambem ficou marcado pelo ano que nao tive Verão.  Comecei a trabalhar. Por momentos deixei de ser estudante. Por momentos vivi na incerteza de nao saber o que a vida me guardava.
Mas guardou. E muito.
2014 foi o ano que comecei a trabalhar no mundo empresarial e foi o ano que ingressei para o mestrado. O ano em que senti, pela primeira vez na minha vida, um sentimento chamado realização profissional. 
Fiz 21 anos e tive uma banda a cantar-me os parabéns rodeada de pessoas que gosto.
Foi o ano em que fizemos três anos.
Mudanças nao faltaram este ano. Na verdade, custa-me acreditar que apenas passou um ano desde que escrevi o anterior balanço anual.

Esta quase na hora de nos despedirmos deste fabuloso ano. Mas como há coisas que nao mudam, aqui vai um excerto do meu queridissimo...



Ah, tenho uma sede sã. Dêem-me a liberdade, 
Dêem-ma no púcaro velho de ao pé do pote 
Da casa do campo da minha velha infância... 
Eu bebia e ele chiava, 
Eu era fresco e ele era fresco, 
E como eu não tinha nada que me ralasse, era livre. 
Que é do púcaro e da inocência? 
Que é de quem eu deveria ter sido? 
E salvo este desejo de liberdade e de bem e de ar, que é de mim?


Álvaro de Campos

24 abril, 2014

You wouldn't lie to us about your income, would you?



Num momento da minha vida que começo a lidar com o mundo do trabalho e das entrevistas de emprego, em que encontro mil e um sites e livros sobre os “comportamentos adequados”, “palavras-chave” e “as melhores respostas” para as entrevistas, deparo-me com isto… E se pudéssemos ser sinceros numa entrevista de emprego?

“Se não estivesse aqui (na entrevista) o que estaria a fazer?”
“Muito provavelmente a dormir!” era a resposta que eu gostaria de dar a esta típica questão cliché das entrevistas inovadoras. Em vez disso tenho que dizer que estaria a “trabalhar num projeto enorme que envolve muitas pessoas o que demonstra claramente o meu espirito de liderança e de equipa”.
Outra coisa que adorava dizer: detesto, MESMO, trabalhar em equipa por causa dos traumas dos anos de estudo em que se fazia trabalhos de grupo e acabava por fazer tudo sozinha, na noite anterior. As pessoas são horríveis.
“Como lida com o stress?” Esta é daquelas perguntas que me faz rir. “Ah lido muito bem claro, sou uma pessoa muito calma e consigo trabalhar muito bem com stress”….
Não. Provavelmente vou insultar tudo e todos. Mas o trabalho fica feito.
É relevante dizer que no dia da entrevista estou sempre especialmente bonita e que, se efetivamente for colocada, nunca irei tão bem vestida para o trabalho.
Se me perguntassem quais são os meus hobbies, diria que adoro, mesmo, dormir e basicamente tudo o que implique não fazer nada. Ficar o dia inteiro na cama é das coisas que me dá mais prazer. Estar no computador, ver televisão e, todas as noites, lá ir tomar um cafezito com o pessoal. Não há nada melhor do que uma vida assim. Mas somos obrigados, para o bem da nossa sobrevivência, a estudar e trabalhar.
Nunca usaria palavras como “polivalência” ou “proatividade” a que sou obrigada a por no meu CV.
Diria que sou Praxista e que apoio a praxe. Mostrava tudo o que lá aprendi, desde o respeito, à união, ao cumprimento de horários e prazos e a arcar com as consequências do que ficou mal feito e que desenvolveu competências em mim q eu desconhecia e que valorizo.

Gostava também de dizer que tenho muito mais de mim que nunca poderá ver na entrevista, muito menos no meu curriculum.

Só espero que nenhum dos meus futuros entrevistadores/patrões leiam isto.
Talvez seja melhor retirar o link do meu blog do currículo…

16 abril, 2014

Motivações

           Podemos estudar o corpo humano por completo, saber o nome de todos os ossos que nele se encontram, podemos até saber de geografia decorando as capitais de todos os países do mundo e ainda de matemática sabendo aplicar todas as fórmulas. No entanto, nunca desvendaremos o mistério que é a mente humana. Após três anos, posso dizer com toda a certeza que aprendi, nomeadamente, que as pessoas são plásticas, que se encontram em permanente transformação, e que o seu potencial de mudança vai acontecendo em função das circunstâncias em que se encontram e também das suas opções. À medida que vão avançando na idade tornam-se, talvez, menos plásticas, mas, a verdade é que nunca deixam de o ser. As pessoas adaptam-se a tudo: às coisas boas e às coisas menos boas. Moldam o seu comportamento a tudo e todos. Por isso, é importante construirmos pessoas.
            Álvaro de Campos inspira-me mais do que o próprio Fernando Pessoa, o pessimismo de Nietzche ajuda-me a ser otimista: por vezes, temos que conhecer muito bem o mau para dar valor ao bem; Klimt inspira-me com imagens, e a célebre frase “Eu quero amar, amar perdidamente!” de Florbela Espanca persegue-me diariamente. De entre muitas outras pessoas que me possam inspirar, a minha maior inspiração sempre serão os meus pais. Os meus pais mostraram-me a vida toda que sem trabalho e esforço nunca atingiremos os objetivos que pretendemos; que subir uma montanha por um tapete rolante ou passo-a-passo pode dar ao mesmo destino, mas o sentimento de realização pessoal será completamente diferente, e o olhar que lançamos para baixo reflete respeito por quem percorre o mesmo caminho da luta. Mas o caminho deve ser humilde e sincero, senão apenas estaremos a caminhar de costas para os nossos objetivos....


09 abril, 2014

Nunca pensei que fosse acontecer.

Hoje dei por mim a olhar para a palavra 'Objectivo' e a estranhar seriamente a presença do 'C' no meio da palavra. Seriamente. Ao ponto de achar que a palavra nunca na vida teve um 'C' ali no meio.
Novo acordo ortográfico, já não és tão novo assim....