20 dezembro, 2013

Já lá vão três anos

Hoje fui obrigada a manter-me na cama por isso aproveitei para vasculhar o passado.
Encontrei este texto escrito por mim, sobre mim, em 2010...


Considero-me uma pessoa bastante inconstante até ao ponto de achar que sou bipolar. Só trabalho bem com desordem no entanto contradigo-me quando digo que sou organizada pois adoro rotinas e hábitos. O meu estado normal é a hibernação, de vez em quando acordo para ir ver o que se passa lá fora; por essa razão adorava ter o poder de ser invisível quando quisesse e amava ter uma máquina do tempo. Preocupo-me demasiado com o futuro e, sempre que posso, comparo o presente ao passado. Já quis ser professora, jornalista e psicóloga mas infelizmente ainda não me decidi. Não posso fugir dessas áreas já que adoro falar, escrever e principalmente ouvir. Apesar disso, já sonhei ser médica.
Adoro desafios mas desisto muito facilmente. O drama dos filmes de terror encantam-me. Gosto de me gabar por aquilo que vivi e sofri e como sobrevivi a isso tudo e, por essa razão, tenho uma mania horrível de menosprezar os problemas dos outros quando acho que já passei por mais e aguentei-me. Quando me esqueço que aqui, no Porto, é que estou bem, penso em fugir mas isso nunca vai acontecer. A vontade de fugir leva-me ao meu mecanismo de defesa: isolar-me; que se opõe ao meu gosto de marcar presença e dar nas vistas pois gosto de conhecer e ser conhecida e, principalmente, gosto de ver e ser vista. Preocupo-me mesmo muito com o que as pessoas pensam de mim, acho que dou a impressão de ser convencida e egocêntrica mas já me disseram que isso é outro mecanismo de defesa que não consigo evitar.
Gostava de ter outras qualidades, de ser boa num desporto ou numa língua, de escrever melhor ou de ter o poder de fazer as pessoas sentir-se em paz comigo. Dores físicas não me afectam minimamente, o mesmo não posso dizer das dores emocionais, não lido bem com isso porque detesto desabafar, guardo tudo para mim e raramente “expludo”. Odeio chorar e odeio quem chora. Excepcionalmente me enervo e me chateio com as pessoas, tenho uma tendência enorme em perdoar tudo, o que faz com que as pessoas abusem de mim. Não consigo controlar isso.
Sou capaz de abdicar de muitas das minhas vontades para favorecer as dos outros apenas para pensar que sou uma pessoa humilde, no entanto sinto-me extremamente injustiçada quando o faço. Gostava de ter a certeza absoluta que coisas boas acontecem a quem faz bem e coisas más acontecem a quem não faz bem, assim, muito provavelmente faria mais coisas “humildes”. Não gosto que pensem que não me preocupo ou que não quero saber pois isso raramente acontece. Irrito-me quando tenho a certeza que tenho razão mas ninguém concorda. Sou extremamente ciumenta, possessiva e controladora com tudo e todos no entando odeio depender dos outros. Adoro reclamar e queixar-me, adoro pensar em coisas que ninguém pensa e depois partilhar com quem me acha maluca.

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